O I Seminário de Estudos de Poesia em Inglês, evento organizado por docentes e alunos do PPGELLI, ocorreu nos dias 23, 24 e 25 de abril de 2024, com o tema "Poesia e História". Para assistir ao evento completo disponibilizado no Youtube, acesse @SeminarioPoesiaIngles. Acompanhe também pelo Instagram @seminariopoesiaingles.
Poesia e História
Identificar, analisar e interpretar as relações entre poesia e história são atitudes críticas certamente desafiadoras porque podem se efetivar de inúmeros modos. É possível encontrar poemas que se engajaram explicitamente com eventos históricos, como é o caso dos poemas de Paul Laurence Dunbar a respeito da Guerra Civil dos Estados Unidos (1861-65) ou aqueles de Chinua Achebe, a propósito da Guerra Civil da Nigéria (1967-1970), ou que trataram de processos de maneira mais indireta e metafórica, como ocorre na elegia XIX de John Donne, em que a América é transformada em musa e a conquista daquela é cifrada na sedução desta, ou no sentimento de isolamento e perda de identidade que perpassa o eu lírico de Wordsworth por conta de seu encontro com a Londres impactada pelas primeiras ondas de modernização industrializante tal como a enxergamos em seu O Prelúdio (1805). Não é incomum, tampouco, que tais relações sejam estabelecidas a partir de métodos biográficos ou do mapeamento de homologias entre texto e contexto, como já aconteceu na comparação entre os poemas de Robert Frost e Maya Angelou especialmente escritos para as posses presidenciais de John F. Kennedy e Bill Clinton, respectivamente.
Entretanto, a experiência histórica não está restrita ao conteúdo manifesto ou às circunstâncias da poesia, mas igualmente permeia a própria forma da produção poética e este jeito de ler muitas vezes se revela mais profícuo, porque mais sutil e preciso. Foi tendo isso em vista que, em seu livro de estreia, História e Desenvolvimento do Drama Moderno (1911), Georg Lukács intuiu e demonstrou como o verdadeiramente histórico e social em uma obra de arte está na sua construção formal, pois as mudanças profundas e duradouras de visão de mundo engendram crises nos estilos herdados e é justamente essa contradição interna à produção artística entre novas formas e velhos conteúdos que cria a possibilidade de ver e conhecer as mutações do processo sócio-histórico. Já Terry Eagleton, em Como Ler um Poema (2006), procura mostrar como a política da forma é pouca coisa além de admitir que “as estratégias formais na literatura são elas mesmas socialmente significativas”. O tipo de verso utilizado em um dado poema, segundo Eagleton, é revelador de certos aspectos ideológicos de um determinado instante histórico; o uso do dístico heroico (heroic couplet) em poemas épicos, por exemplo, pode ser lido como a expressão de certas noções de ordem, razão e harmonia graças à sua natureza calcada em um controle, precisão e equilíbrio consolidados desde o nível do verso. Tal configuração técnica pode estar em sintonia ou em conflito com o tema do poema, gerando, assim, uma forma que diz muito mais do que uma mera leitura parafrásica
Há ainda a possibilidade de abordar a relação entre poesia e história a partir de um ângulo predominantemente teórico, discutindo estas e tantas outras questões que constituem esta problemática.
Tendo em vista que a composição poética em língua inglesa constitui um manancial literário quase inesgotável, este seminário pretende ser um espaço para a apresentação e divulgação de trabalhos que tenham se dedicado a todos os gêneros poéticos e de qualquer período ou nacionalidade.
Comissão organizadora
Bruno Gavranic (Letras-Inglês/USP)
Charles Marlon (Letras-Inglês/USP)
Jonathan Renan Souza (Letras-Inglês/USP/Royal Holloway University of London)
Lindberg Campos (Letras-Inglês/USP)
Marcos Soares (Letras-Inglês/USP)
Thiago Cass (Letras-Inglês/USP)
Virginia Derciliano (Letras-Inglês/USP)
Programação e arquivos
Call for Papers - Chamada de trabalhos
Programação e Caderno de Resumos